segunda-feira, outubro 15, 2007

Tropa de Elite


Graças aos amigos André e Rafaela, que nos presentearam com uma cópia (pirata, baixada da internet) , no sábado assistimos à Tropa de Elite, o filme do José Padilha que está dando o que falar no Brasil.

Mais do que um filme brasileiro, Tropa de Elite é um filme carioca. Impossível a gente não associar personagens do filme com os personagens da vida real que a gente vê em cada esquina no Rio de Janeiro (Kelly e eu nascemos e fomos criados em Del Castilho e Bonsucesso, na zona norte do Rio, perto do Morro do Adeus e do Complexo do Alemão).

Temos acompanhado daqui a polêmica toda que se causou em torno do filme, principalmente a crítica de que o filme faz uma certa apologia do estado policial e justifica a violência extrema com que o BOPE age. Eu discordo. Eu não achei que o filme faz apologia de nada, não é "de direita" (depois do PT no poder, ser “de esquerda” já não é atestado de nada) e nem vai contra os direitos humanos. Eu achei o filme um filme excelente. Não só pela produção, mas porque o filme mostra a realidade da guerra urbana que se instalou no Rio de Janeiro.

É óbvio que a estória é contada pela ótica do policial (o personagem principal é policial), mas isso não invalida o valor de algumas críticas do filme: que a maioria esmagadora da Polícia é podre, que o policial ganha uma merreca e não tem condições dignas de trabalho, que não se pode lutar contra o sistema (nas palavras do personagem "um policial ou se corrompe, ou se omite, ou vai para a guerra") e que a classe média (ou média alta) se faz de vítima, mas somos nós mesmos que garantimos a demanda nessa balança comercial (por isso eu sou a favor da descriminalização de algumas drogas).

O Capitão Nascimento, personagem do Wagner Moura, não é um herói. É um cara cheio de conflitos, problemas psicológicos, que quer sair do BOPE para não deixar de ser humano, já que vai ter um filho. Mas é um cara honesto e que conhece o lado certo da luta e, por comparação, um exemplo a ser seguido na sua profissão. Dada a emergência em que se vive hoje no Rio, o BOPE é sim necessário e seria ótimo que existissem muito mais capitães Nascimento.

Repressão sozinha não resolve o problema, mas do jeito que as coisas estão, os BOPEs da vida tem que ser parte da solução.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tb assisti o filme. E achei excelente. Eh um filme que coloca os pingos nos is. E mostra de forma clara que o problema da violencia nao eh apenas do governo ou do sistema, eh tb dos cidadaos.