quarta-feira, julho 18, 2007

Como não dissemos nada…


Eu sei que eu prometi que o nosso blog ia tentar ser alienado. Mas tem dia que não dá.

Não sou o dono da verdade. Não sou nem sócio minoritário da mesma. Para ser sincero, acho que nem locatário eu sou. Mas para mim, acidentes como o de ontem poderiam (e deveriam) ter sido evitados sim. Para mim, é nosso papel, papel desse tal de “povo brasileiro”, exigir que seja assim.

Mas a gente não gosta muito de tratar de coisas sérias. A gente trabalha duro, muito duro. Não temos tempo nem saco de reclamar e exigir dos nossos governantes o que é devido, como por exemplo termos um sistema de aviação e aeroportos dignos de uma das 10 maiores economias do mundo. E estamos falando do aeroporto da maior cidade do continente! 50% do PIB do Brasil está lá, naquele estado.

A gente se mobilize e elege o Cristo uma das maravilhas do mundo. Bonito demais. Mas não liga tanto assim se o Renan sai ou não sai. Afinal de contas politico é tudo igual mesmo. E ninguém vai pagar pelas 180 mortes de ontem. A pista escorregava… chato né… fazer o que? E a gente vai deixar passar mais essa. Vamos engolir calados. Afinal de contas o Pan está aí e olha o montão de medalhas que a gente está ganhando. Brasil!

Vai chegar um dia que a gente vai ser como aquele poema do Vladimir Mayakovsky. Como não dissemos nada até hoje, já não podemos dizer nada.

Abraços panamericanos.

PODER
Na primeira noite eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada

-- Vladimir Mayakovsky

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