quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Sarcasmo e Ironia


JJ era o gatilho mais rápido da cidade. Suas duas armas, batizadas de Sarcasmo e Ironia, ficavam em lados opostos do seu corpo, e ao imediato alcance das mãos, ou melhor, do cérebro.

Elas não matavam, mas faziam o estrago que JJ desejava. Estrago esse que às vezes nem era notado pela vítima na hora, que só depois de muito tempo ia perceber o “ferimento”, que sangrava aos pouquinhos e de leve, mas dava um mal estar danado.

E JJ andava com suas armas à postos, por onde quer que fosse. E as usava, com maestria, sempre que necessário o fosse. De manhã, de tarde ou de noite. Homem, mulher, velhinhos e velhinhas (as crianças ele poupava). Já havia usado várias vezes no trabalho, em ocasiões de família, no círculo de amigos e até na cama. E qanto mais usava, mas rápido ele ficava. E mais azeitadas elas ficavam.

E mais do que tudo, JJ acreditava que o mundo seria bem melhor se Sarcasmo e Ironia fossem as únicas armas que todo mundo usasse quando quisesse extravasar suas raivas, neuras e descontentamentos. "A gente ia ter muito menos guerra e muito mais humor", disse-me um dia JJ, já que Sarcasmo e Ironia eram ambas filhas da mesma mãe: a Comédia.

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