sexta-feira, janeiro 04, 2008

“Carmem Mirandando”


Ou
Disseram que eu voltei fiquei americanizado

No passado, eu já ouvi várias vezes nas conversas entre brasileiros expatriados, muitas vezes da minha própria boca, coisas do tipo “você vai sempre ser um estranho no ninho, um imigrante”, ou, numa afirmação mais forte, “você nunca vai perder as suas raízes”.

Da primeira eu discordo. Com exceção do sotaque, acho que com o tempo qualquer imigrante pode se misturar à cultura do país onde vive. 100%. Invariavelmente.

A segunda pode até ser verdade, até certo ponto, mas só até certo ponto. E explico (é claro), ou melhor, exemplifico.

Exemplo número 1: esse ano foi o primeiro, desde pelo menos 1993, que eu não comprei (ou pedi para alguém mandar) o CD das Escolas de Samba do Grupo Especial do RJ. Tradição que não podia ser quebrada, todos os anos eu fazia questão de ouvir e aprender os sambas. Esse ano, não sei porque, não tive essa vontade. Quando a minha mãe perguntou se eu queria que ela mandasse, eu falei que não precisava…

Exemplo número 2: eu acompanho assiduamente, sempre que a dupla jornada de trabalho (3 filhos!) permite, as ligas de baseball e football americanas. Gosto mesmo de assistir ao Mariners e ao Seahawks, esse último uma paixão mais recente, que está mandando bem e jog amanhã o primeiro jogo dos playoffs. E eu não me lembro, pelo menos na minha idade adulta, eu ter tido o mesmo interesse pelos jogos do Fluminense. Ou de ter pensado em levar meu filho ao Maracanã, nos dois anos em que estávamos de volta no Rio (em quase 2 anos de volta eu e Vini fomos no Safeco Field umas 3 vezes).

A moral da estória é que, na minha opinião, a não ser que você não se permita, qualquer um vai aos pouquinhos e até sem querer, se tornando menos “estranho”, menos “imigrante” e mais enraizado na nova cultura, na nova terra. A 20 anos atrás eu era jovem e anti-americano, como todo universitário que se identificava com o partido do presidente-barbudo-vendido-traidor. Hoje eu posso dizer que me sinto muito confortável inserido na cultura do Tio Sam.

É, hoje o dia está para divagações…

3 comentários:

Anônimo disse...

Marcus, afirmo categoricamente que "você nunca vai perder as suas raízes". Porque afirmo isso, simplesmente pelo fato de que você pode viver ai 20 anos, porem, nunca vai deixar de sapatear quando ouvir um belo e bom samba, você nunca vai deixar de gostar de um chope com colarinho bem gelado, nunca vai deixar de gostar do sol (40 graus), das praias do RJ, do bife com batatas fritas, da linguiça calabresa (verdadeira), de ver as escolas de samba ao vivo na sapucai; portanto isso é não perder as origens.. Você pode até virar americano, mas, continuando brasileirissimo, esta é a minha opinião, simples opinião. Como disse você, o dia hoje é de divagações. Um beijo do pai que muito o ama. Roberto.

Anônimo disse...

É isto mesmo Roberto!Faço coro com vc!!!Aliás quero lembrar ao Marcos que faz menos tempo q ele era anti-americano,afinal fazem doze anos q fui a Disney com eles e ele falava mal para caramba!!Falavava bem do parque,da capacidade dos caras de nos levar ao universo infantil...mas do resto era só malhaçao!!Só estou falando isto pq o próprio se confidenciou no blog um anti-americano.
MARCOS VC AMERICANIZOU!!!!

Anônimo disse...

Deixa eu só fazer um pequeno comentário.
Não tenho nada contra os americanos,muito pelo contrário,admiro e reconheço todas as qualidades dos mesmos,que em se tratando de qualidade de vida,mandam bem pra caramba!Sabemos que aí tudo funciona bem, a justiça ,a ordem pública ,hospitais, escolas e tantas outras qualidades.
O que não gosto de ler é vc morando aí e apontando os defeitos daqui!!!
AMERICANIZAR SIM!!!Se tornar um ANTI-BRASILEIRO NÂO!!!
Quero fazer um apelo ao Marcos:
NÃO FALE MAL DO NOSSO BRASIL!!!!!